...Einstein...

...Einstein...
Pelo sexto aniversário a Inês pediu como prenda de anos uma tartaruga, foi duas semanas antes. No fim de semana seguinte ao seu aniversário, quando esteve novamente com o pai, e ao receber a tartaruga como prenda recusou levá-la para casa, mesmo tendo brigado com a Rita para a segurar no caminho até minha casa. Batizaram-na de Einstein. O motivo que a Inês invocou para não a levar era o facto de ser um animal muito perigoso, feio, e muito barulhento. Einstein está bem de saúde, foi criada com todo o carinho pela Ana Lúcia por muito tempo, ela sabia o que representava para mim aquela tartaruga. Alguns anos depois passou a viver num pequeno lago na Ponte da Mata, cuidada em especial pelo meu sogro que adora animais. Cresceu em demasia, o lago tornou-se pequeno, esteve sempre só...Hoje está cá na aldeia numa outra casa, foi acolhida por outra familia, um outro menino, vive feliz num lago grande juntamente com outras tartarugas, está bem, só que nenhuma destas famílias da Ponte da Mata, deveriam ser a sua familia.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Um acordar...


Hoje acordei em sobressalto a sonhar com vocês, tanto tempo que passou, (quase 9 anos), e é tanta a angustia que ainda sinto de tristeza por tudo ter sido desta forma.
Por mais que o tempo passe não consigo tapar as feridas que ficaram em mim, não me  considero uma pessoa má, rancoroso, mas não posso perdoar nunca à vossa mãe e avó tudo o que fizeram para vos separar de mim, não foi correcto, não é justo e num divórcio não pode valer tudo.
Ao longo destes 9 anos, só eu sei tudo por que passei, noites em claro acordado à procura de soluções, ter de enfrentar tribunais onde até então graças a Deus não tinha entrado, reuniões e mais reuniões com psicólogas de instituições nomeadas pelo tribunal para acompanhar o processo, mas que nunca conseguiram chegar à estratégia certa na maior parte das vezes e como eles escreveram nos relatórios, com o boicote de vossa mãe...
Todos os dias dou por mim a procurar as palavras que melhor se encaixam, as palavras que vos deverei dizer quando vos telefono ou vou aí, ou até mesmo quando contacto com a Rita, mas neste campo falhei sempre, pois ainda não consegui encontrar as palavras certas, pois normalmente a Rita acaba sempre a conversa duma forma fria a perguntar se não tenho mais nada para dizer... é duro ter de ser sempre assim, mas já me habituei.
Ao longo destes 9 anos são tantas as memórias que tenho daquelas 2 meninas, das nossas brincadeiras, toda a minha vida passou a ser um relembrar, em cada local por onde passo ou passei, há sempre algo que me lembra de vocês, em cada período de férias, fica a tristeza ao pensar que vos poderia estar igualmente a proporcionar bons momentos de lazer, mas infelizmente por culpa de alguém tal não tem sido possível. Escrevi páginas e páginas para vos deixar, para que possam saber o que foi a minha vida longe de vocês, mas hoje acho que a história é tão triste que não sei se um destes dias não queimo toda a papelada para não vos fazer sentir toda a minha tristeza e angústia um dia; criei este blogue para memória futura, mas também não é mais que um sitio para desabafos; tenho cá por casa guardados pequenos objectos, fotos e desenhos que guardei religiosamente,  para me lembrar sempre de vós, (como se fosse possível esquecer) e mantenho como sempre até hoje as vossas fotos na minha mesa de cabeceira, são as mesmas desde o inicio, mesmo que já muito queimadas pelo sol, ando sempre a dizer que um destes dias as vou trocar, mas acabo sempre por manter as mesmas, faz-me sentir verdadeiramente o tempo. É difícil hoje em dia saber informações vossas, apenas uma ou outra que um conhecido me vai transmitindo, pois por mais que tente nos contactos com vocês pouco ou nada me transmitem.

Talvez não tenha hipóteses de alterar, talvez esse caminho que as coisas levaram seja o caminho, talvez não seja possível voltar a dar-vos mil beijinhos e abraços, talvez não seja possível dar-vos carinho como sonhava e pensava ainda dar, mas sei que não podem impedir de vos levar um dia no meu coração, na "grande viagem" como lhe chamou uma vez um primo meu.
Filhas, hoje acordei assim...melancólico, vocês são ainda preferencialmente a razão do meu viver.

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