...Einstein...

...Einstein...
Pelo sexto aniversário a Inês pediu como prenda de anos uma tartaruga, foi duas semanas antes. No fim de semana seguinte ao seu aniversário, quando esteve novamente com o pai, e ao receber a tartaruga como prenda recusou levá-la para casa, mesmo tendo brigado com a Rita para a segurar no caminho até minha casa. Batizaram-na de Einstein. O motivo que a Inês invocou para não a levar era o facto de ser um animal muito perigoso, feio, e muito barulhento. Einstein está bem de saúde, foi criada com todo o carinho pela Ana Lúcia por muito tempo, ela sabia o que representava para mim aquela tartaruga. Alguns anos depois passou a viver num pequeno lago na Ponte da Mata, cuidada em especial pelo meu sogro que adora animais. Cresceu em demasia, o lago tornou-se pequeno, esteve sempre só...Hoje está cá na aldeia numa outra casa, foi acolhida por outra familia, um outro menino, vive feliz num lago grande juntamente com outras tartarugas, está bem, só que nenhuma destas famílias da Ponte da Mata, deveriam ser a sua familia.

sábado, 24 de novembro de 2018


Pedaços

Não posso reverdecer momentos,
Transientes serão os dias de que ainda me lembro,
Cada trecho que tenho na memória,
É como retalho guardado,
Esperando oportunidade,
Ansiando um recomeço duma nova vida.

Banho maria,
Mussitar aos meus botões,
Manter em mim os fanecos,
Daqueles dias que vivemos sorrindo,
As cumplicidades,
As banalidades espontâneas das nossas convivências.

O tempo,
Utilisa-se como borracha se deixamos,
Faz reset ao mais visível,
Mas há dias atrás que não apagam,
Momentos que eternamente ficam,
São os pedaços que contam,
Os  mais lídimos que guardo,

Os meus pedaços.

Pedro Albuquerque




domingo, 11 de novembro de 2018


Procurei
Andando por aí procurei,
Procurei em cada canto,
Procurei em todos os sítios prováveis,
Nós improváveis procurei também.
Procurei em rios e lagos,
Procurei em desertos e q
lugares vazios,
Na multidão também procurei.
Ainda procuro,
Procuro no céu e nas estrelas,
Procuro no mar e nos oceanos,
Procuro em todos e nenhum lado.
Procuro sem cessar,
Com a mesma ou maior intensidade,
Procuro em cada dia, em cada minuto ou segundo,
Procuro e sei que encontrarei,
Só não sei o dia, o mês ou ano.
Pode não parecer fácil,
Pode não ser fácil,
Será porventura difícil,
Mas impossível não será,
E se o parecer,
Procurarei com que seja possível,
Acreditando.
Vou pôr tudo de mim nessa procura,
Um pouco mais ainda.
Vou procurar mudar o que me atormenta,
Vou lavar a alma,
As tristezas que massacram meu coração,
Esvaziar passados.
Procuro no meu pensamento,
Procuro nos meus desejos,
Procuro no que mais procuro na vida.
Aqui ou por aí,
Aqui ou além,
Um dia vou encontrar,
Um dia vou encontrar-vos.
Até lá procurarei... Procurarei... Procurarei...


Ainda sinto sorrisos,
Ainda consigo escutar respirares ofegantes da galhofa e brincadeiras,
Ainda lembro dias lá atrás,
Depois do já não foi e não é.
Ainda lembro birras apesar de poucas,
Lembro corpos de crianças saudáveis e traquinas,
Lembro cabelos bonitos em adorava mexer, afagando com ternura.
Ainda lembro tanta coisa,
Tanto que depois perdemos,
Nos cruéis e sinuosos trilhos da vida.
Há um recanto onde sempre vos encontro,
Desse local nunca sairão,
 entraram desde que existem e lá estarão até ao fim da minha existência.
Não vos vejo mas sinto-vos,
Oro e rezo por vós,
Sei de alguns gostos que têm,
Intimamente, mentalmente faço comparações comigo constatando semelhanças,
Há genes que inevitavelmente se reproduzem.
Vocês não são nem nunca foram propriedade de ninguém,
São cidadãs do mundo,
Poeiras deste universo, que vos criou para eu descobrir o verdadeiro sentido da palavra Amor.
Amar-vos-ei eternamente.

Pedro Albuquerque

sábado, 10 de novembro de 2018

Filhas,
A vida tem sido distante daquilo que pensei, talvez tenha sido dificil para mim mas não tanto para vós, não sei, até espero que assim tenha sido.
Não sei como vai ser no futuro, não sei o que pensam hoje de mim, não sei o que pensarão no futuro, mas quando eu já não andar por cá, quando eu já tiver partido, por favor lembrem vosso pai, mais do que hoje lembram.
Não sei quanto tempo andarei por cá, ninguém sabe, tenho visto partir amigos (muitos) da minha idade e até com menos, sinto que o caminho se estreita, ás vezes sinto-me estranho, abusei demais na vida que já passou.
Não sei bem como são hoje, acredito que correctas e justas para com aqueles que vos rodeiam, batalhadoras por aquilo em que acreditam. Eu falhei não porque o quisesse mas porque a vida assim o entendeu, se um dia quando forem mães falharem também, se algo semelhante ao que me aconteceu a mim vos vier a acontecer a vós não vistam a tristeza que meu coração veste pois é muito dificil e doloroso. Se um dia tiverem filhos amem-nos aconteça o que acontecer, tal como vos amo.
Filhas, quando já não andar por cá quero que saibam que nada de especial desejo, pois o meus maiores desejos deveriam acontecer em vida e se não acontecem o resto já não interessa. Por aqui por casa há imensos textos meus, há um diário da minha vida sem vocês, há um pedaço de mim que pode não valer nada para vós, pode não vos interessar mas era o melhor de mim que tinha para vos dar.
Desculpem ando a sentir-me estranho, há tanto que acho que vos devo dizer e tenho medo de não ter tempo, de já não andar por aí. Bjs
 

Por vocês

Passo muitos dias pensando,
Procuro.
Questiono-me activamente se existem caminhos,
Desejo.
Procuro imaginar descobrir a solução,
Ambiciono.
Luto contra mim, e meus possíveis erros,
Vasculho.
Nos arquivos dos meus pensamentos e memórias,
Revolto.
Em papéis, objectos coisas e loisas,
Remexo.
Sorrisos no rosto, paz e tranquilidade,
Persigo.
Sabendo que podia e devia ter sido diferente,
Medito.
Que o momento actual tem de ser de serenidade,
Aceito.
Que há um futuro diferente ali, ao virar da página,
Confio.
Que foi apenas um outro caminho por onde foram,
Entendo.
Que as nossas vidas têm destinos traçados,
Creio.
Um dia, naquele dia, ainda nos vamos rir ás gargalhadas,
Ou vão vocês e eu já não estou cá,
Mas a minha memória ainda andará por aí,
Acredito.

Pedro Albuquerque

sexta-feira, 9 de novembro de 2018


Eu sou sangue

Os nossos corações,

São membros dum mesmo sangue,

Em corpos com semelhanças,

Os mesmos genes na sua essência,

Batem forte e levemente,

Vibram e sofrem consoante os degraus do caminho.

Nas nossas veias,

O sangue que nossos corações bombeiam,

Está carregado de experiências de vida,

Gritos de raiva e de revolta,

Mágoa, tristeza, melancolia,

Mas felizmente também invadidas,

Por carinho e ternura,

Paixões intensas e assolapadas,

Amores profundos e verdadeiros.

O nosso sangue,

Sendo dum mesmo gene,

Levará a vós uma mesma fibra,

Uma vida a ser vivida intensamente,

Uma inesgotável resiliência,

Uma busca incessante de caminhos e respostas,

Do sentido da vida,

Do encontro com a felicidade,

Tal como o meu me trás a mim em cada dia.

Serão sempre sangue do meu sangue,

Pedaços de mim e da minha existência,

Próximas ou distantes, num qualquer lugar,

Vivenciando rotinas,

Adquirindo conhecimento e sabedoria,

Espalhando charme e magia,

Ou simplesmente meditando com sinceridade,

Como também eu faço todos os dias,

Em cada novo dia.

Meus Anjos, minhas Deusas, minhas Princesas,

Vocês o foram o são e para sempre o serão,

E sempre estarei convosco,

O sangue que vos corre nas veias também é meu,

No fundo esse sangue também sou eu.

Amar-vos-ei eternamente.

Pedro Albuquerque




Algures perdi,

Mas ganhei também,

Descobri forças que não conhecia em mim,

As lágrimas que perdi,

Como que me regaram a alma,

Fizeram brotar e florescer paz e tranquilidade,

A tristeza transformou-se em serenidade,

Aprendi a gerir sentimentos,

A frieza também já entra na equação,

Por vezes selou e gelou meu coração.

Perder perdi,

Perdi momentos que só posso viver na imaginação,

Perdi sorrisos e gargalhadas,

Momentos de vivências que o tempo cura mas não me pode trazer de volta.

Ganhei em mim,

Cresci e sinto-me melhor como homem, como ser humano,

O que perdi já não volta,

Mas agora já posso ganhar,

Quando se perde,

Depois de perder,

Virá sempre uma outra fase,

O estado de graça,

Depois da tempestade,

Vem sempre a bonança.

Ainda sinto a perda,

Ainda há dias de tristeza e angústia,

Ainda me fazem falta os sorrisos e gargalhadas.

Posso parecer feliz,

A máscara que uso é muitas vezes perfeita,

Apenas no interior se encontra rasgada,

Em largos rasgos ou mesmo em farrapos.

Vou sobreviver,

Vou coser as feridas da alma,

As pequeninas conquistas são tesouros,

Troféus valiosos,

Que preenchem no meu peito,

O museu das alegrias,

O palácio da magia e mistério,

Que cada um descobre em si,

No caminhar da vida,

No mais profundo e sincero encontro,

Entre o homem e sua mente.

Algures perdi... mas ganhei também...

Pedro Albuquerque