Filhas,
A vida tem sido distante daquilo que pensei, talvez tenha sido dificil para mim mas não tanto para vós, não sei, até espero que assim tenha sido.
Não sei como vai ser no futuro, não sei o que pensam hoje de mim, não sei o que pensarão no futuro, mas quando eu já não andar por cá, quando eu já tiver partido, por favor lembrem vosso pai, mais do que hoje lembram.
Não sei quanto tempo andarei por cá, ninguém sabe, tenho visto partir amigos (muitos) da minha idade e até com menos, sinto que o caminho se estreita, ás vezes sinto-me estranho, abusei demais na vida que já passou.
Não sei bem como são hoje, acredito que correctas e justas para com aqueles que vos rodeiam, batalhadoras por aquilo em que acreditam. Eu falhei não porque o quisesse mas porque a vida assim o entendeu, se um dia quando forem mães falharem também, se algo semelhante ao que me aconteceu a mim vos vier a acontecer a vós não vistam a tristeza que meu coração veste pois é muito dificil e doloroso. Se um dia tiverem filhos amem-nos aconteça o que acontecer, tal como vos amo.
Filhas, quando já não andar por cá quero que saibam que nada de especial desejo, pois o meus maiores desejos deveriam acontecer em vida e se não acontecem o resto já não interessa. Por aqui por casa há imensos textos meus, há um diário da minha vida sem vocês, há um pedaço de mim que pode não valer nada para vós, pode não vos interessar mas era o melhor de mim que tinha para vos dar.
Desculpem ando a sentir-me estranho, há tanto que acho que vos devo dizer e tenho medo de não ter tempo, de já não andar por aí. Bjs
...Einstein...

Pelo sexto aniversário a Inês pediu como prenda de anos uma tartaruga, foi duas semanas antes. No fim de semana seguinte ao seu aniversário, quando esteve novamente com o pai, e ao receber a tartaruga como prenda recusou levá-la para casa, mesmo tendo brigado com a Rita para a segurar no caminho até minha casa. Batizaram-na de Einstein. O motivo que a Inês invocou para não a levar era o facto de ser um animal muito perigoso, feio, e muito barulhento. Einstein está bem de saúde, foi criada com todo o carinho pela Ana Lúcia por muito tempo, ela sabia o que representava para mim aquela tartaruga. Alguns anos depois passou a viver num pequeno lago na Ponte da Mata, cuidada em especial pelo meu sogro que adora animais. Cresceu em demasia, o lago tornou-se pequeno, esteve sempre só...Hoje está cá na aldeia numa outra casa, foi acolhida por outra familia, um outro menino, vive feliz num lago grande juntamente com outras tartarugas, está bem, só que nenhuma destas famílias da Ponte da Mata, deveriam ser a sua familia.
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