...Einstein...

...Einstein...
Pelo sexto aniversário a Inês pediu como prenda de anos uma tartaruga, foi duas semanas antes. No fim de semana seguinte ao seu aniversário, quando esteve novamente com o pai, e ao receber a tartaruga como prenda recusou levá-la para casa, mesmo tendo brigado com a Rita para a segurar no caminho até minha casa. Batizaram-na de Einstein. O motivo que a Inês invocou para não a levar era o facto de ser um animal muito perigoso, feio, e muito barulhento. Einstein está bem de saúde, foi criada com todo o carinho pela Ana Lúcia por muito tempo, ela sabia o que representava para mim aquela tartaruga. Alguns anos depois passou a viver num pequeno lago na Ponte da Mata, cuidada em especial pelo meu sogro que adora animais. Cresceu em demasia, o lago tornou-se pequeno, esteve sempre só...Hoje está cá na aldeia numa outra casa, foi acolhida por outra familia, um outro menino, vive feliz num lago grande juntamente com outras tartarugas, está bem, só que nenhuma destas famílias da Ponte da Mata, deveriam ser a sua familia.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Poema de Carlos Drummond Andrade


Acordar, viver

Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem Horror?
O sono transportou-me àquele reino onde não existe vida,
e eu quedo inerte sem paixão.

Como repetir, dia seguite após dia seguinte,
a fábula inconclusa, suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?

Como proteger-me das feridas que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento que lembra a terra e a sua púrpura demente?
E mais aquela ferida que me inflijo, a cadas hora, algoz do inocente que não sou?
Ninguém responde, a vida é pétrea.

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